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Filha de jornalista, foca e apaixonada pela profissão que escolhi. Criei este blog com o intuito de publicar os textos confecionados por mim durante o meu curso na faculdade. Fiquem à vontade para deixar sugestões, críticas e elogios!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

ÉTICA E RESPONSABILIDADE NO JORNALISMO: UTOPIA OU ALGO PASSÍVEL DE REALIZAÇÃO?


*Texto confeccionado em 04 de Junho de 2008.

A ética é um campo de reflexões cujo foco é a análise das relações entre os indivíduos. De maneira simples, a ética é aquela que trata da escolha entre “o bem” e “o mal”, levando em conta os interesses da maioria. As profissões relacionadas às Comunicações têm uma função estratégica na sociedade, sendo, por isso, permanente objeto de discussões éticas.

Espera-se do jornalista uma atitude objetiva em relação à elaboração das notícias. Este deve seguir, segundo as expectativas da sociedade, as premissas básicas de imparcialidade e compromisso com a verdade. Um fato que perde sua notoriedade em meio a tantas regras é a subjetividade própria de qualquer indivíduo. Inerentemente, a pessoa que escreve deixará suas marcas, influenciadas por seu vocabulário e ideologia. Essa constatação é que torna a ética no Jornalismo, não inatingível, mas longe de ser um dogma.

Ainda neste âmbito, outra questão a ser analisada é a tão aclamada liberdade de imprensa. A liberdade de expressão, direito garantido por lei, dá margem ao conflito, já que a princípio qualquer pessoa pode expressar suas idéias e pensamentos sem nenhum tipo de mediação. Toda essa liberdade insere mais um tópico ao embate: a responsabilidade. A responsabilidade social não é um conceito novo e ao longo do tempo tornou-se um modelo a ser aplicado principalmente às empresas jornalísticas.

Segundo esse modelo, qualquer pessoa que disponha de liberdade tem obrigações para com a sociedade. A exemplo disso, o famoso relatório da Hutchins Commission - “Uma Imprensa Livre e Responsável” - definiu as diretrizes a serem seguidas pela mídia na sociedade moderna. O estudo resumiu as cinco principais exigências a serem cumpridas pelos meios de comunicação. Esses principais pontos se tornaram a origem dos critérios levados em conta para a designação do “bom jornalismo” - isenção, exatidão, objetividade, diversidade de opiniões e interesse público.

Influenciado por estes pressupostos, o Código de Ética do Jornalismo Brasileiro, que vigora desde 1987, existe como uma tentativa de reger a prática jornalística. Como a profissão do jornalista é imprevisível e dinâmica, o Código de Ética não é capaz de conter todas as situações às quais o profissional é exposto. Além disso, o jornalista é subordinado a um sistema que possui, também, seus interesses econômicos, institucionais e políticos. Dessa maneira, o Jornalismo está inserido em um conflito ético diário.

Partindo dessas informações fica fácil entender o impasse ético jornalístico. A ética no Jornalismo existe? Quais as dimensões da responsabilidade de um jornalista? Para compreender essas questões é preciso uma breve explicação sobre a capacidade de influência da mídia. No contexto desses estudos há inúmeros casos que tentam explicitar esse poder de influência.

Dentre os casos mais notórios podemos citar “O Caso Welles”, ocorrido em 1938. Reconhecida como um marco histórico das telecomunicações, a transmissão de “A Guerra dos Mundos”, liderada por Orson Welles, levou mais de 1,2 milhão de pessoas a um delírio paranóico, em uma descrição de um ataque de Marte à Terra. Apesar de se tratar de uma ficção, milhares de pessoas se viram aterrorizadas, ocasionando uma onda de fugas e medo. Um programa da mesma natureza foi transmitido em São Luís do Maranhão, em 1971, repetindo a façanha.

Esses episódios ilustram o inegável poder da comunicação. O jornalista deve se atentar à responsabilidade que carrega ao levar informações à população, que tende a acreditar em tudo que é veiculado. Exemplo disso é o filme “O Preço de uma Verdade”, baseado em fatos reais, onde o jornalista Stephen Glass ascende rapidamente em sua carreira através de textos com informações falsas ou de autoria de outras pessoas. O filme tornou-se importante por explicitar uma triste face do mundo jornalístico.

Não é preciso ir longe para achar exemplos dessa realidade. Atualmente o jornalismo oscila entre a romântica imagem de porta-voz da opinião pública e juiz da sociedade e a de empresa sem escrúpulos comprometida apenas com os lucros. Exemplo disso é o “Caso Veja”, documentado em forma de dossiê pelo jornalista Luís Nassif. Luís denunciou o antijornalismo da revista, que envolve tráfico de influências, interesses corporativos e destruição de reputações.

O frágil equilíbrio entre interesses públicos e privados, lógicas econômicas, liberdade jornalística e ética individual de cada jornalista é ainda um objetivo difícil de ser alcançado. Talvez o jornalismo como um todo ainda tenha muito o que aprender com o velho relatório da Hutchins Commission. É tempo de pensar mais na responsabilidade daqueles que escolheram como profissão o Jornalismo. As regras de conduta que pressupõe o “bom jornalista” nada mais são do que tentativas de assegurar ao leitor algo essencial: o direito à informação de qualidade.

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