SEJAM BEM-VINDOS!

SEJAM BEM-VINDOS!
Filha de jornalista, foca e apaixonada pela profissão que escolhi. Criei este blog com o intuito de publicar os textos confecionados por mim durante o meu curso na faculdade. Fiquem à vontade para deixar sugestões, críticas e elogios!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A INDÚSTRIA DE CATARSES

* Texto confecionado em 28 de Abril de 2008.

Para maiores informações sobre o caso de Josef Fritz, clique aqui.

Quando li a respeito do caso do austríaco Josef Fritz fui tomada por um enorme sentimento de repulsa, o mesmo que sentira pouco tempo atrás quando as primeiras manchetes sobre o caso de Isabella começaram a estampar a capa dos jornais. Como um pai - se é que nesse caso cabe o uso deste substantivo - poderia trancar sua própria filha em um porão durante 24 anos? Como um pai pôde ter estuprado essa mesma filha, tendo com ela seis filhos, tornando-se “pai-avô” das crianças? Pior ainda, como tudo isso pôde passar despercebido aos olhos da mulher de Fritz, dos vizinhos e da sociedade? Confesso que uma mistura de choque, indignação e ânsia por justiça são sentimentos quase inevitáveis sob esses questionamentos, e que por poucos instantes me vi quase que nadando, com bóia e tudo, na piscina de notícias sensacionalistas à qual somos submetidos constantemente pelo atual jornalismo.

Não demorará para que notícias acerca desse caso, igualmente trágico e extremo, tomem conta de todos os tipos de mídia, a exemplo do caso Isabella. Visões privilegiadas, coberturas inéditas e revelações arrebatadoras aparecerão aos montes, numa espécie de venda de camarotes VIP – “assista do melhor ângulo a cobertura de todos os acontecimentos”. Meu deus, será que as pessoas não irão acordar para o fato de que a violência doméstica , que é muito mais freqüente do que se imagina e muito menos debatida pela mídia do que deveria, não ocupa o espaço que um caso como este – de evidente psicopatologia – ocupa na imprensa? Estes dois acontecimentos são de fato exceções, não só pela sua brutalidade, mas principalmente por se tratar de casos onde os distúrbios psicológicos desses pais ficam claros.

Casos de psicopatologia não devem ser usados como parâmetro para a discussão da população acerca da violência doméstica, pois resulta de problemas psiquiátricos, não massivos. Comportamentos como o de jogar uma criança pela janela ou o estupro de uma filha, mantendo-a em cativeiro por tantos anos, a meu ver não podem ser apenas desvios de conduta. Resta desses casos apenas o sensacionalismo que visa à venda de mídia sem finalidade social.

Crimes como esses devem sim ser punidos com rigidez, mas deve-se atentar a importância que a mídia dá a estes, com o único intuito de provocar uma verdadeira catarse, visando o lucro, e não o jornalismo sério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário