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Filha de jornalista, foca e apaixonada pela profissão que escolhi. Criei este blog com o intuito de publicar os textos confecionados por mim durante o meu curso na faculdade. Fiquem à vontade para deixar sugestões, críticas e elogios!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O PODER DA COMUNICAÇÃO - CASO ORSON WELLES

* Texto confeccionado em 17 de Maio de 2008.

A discussão sobre a capacidade de influenciar as pessoas que os meios de comunicação de massa possuem é desde sempre um dos tópicos mais presentes no que concerne à pesquisa sobre a comunicação. Desde as primeiras teorias acerca desse assunto, onde se acreditava que a mensagem tinha poder instantâneo e absoluto sobre as pessoas, até as teorias mais atuais, onde já se sabe que os meios de comunicação influenciam as pessoas à medida que estas já tenham uma predisposição a essa mensagem, este sempre foi um paradigma constante e amplamente debatido.

O poder que uma mensagem tem de interferir nas opiniões dos receptores depende de vários fatores que se interligam. Antes de tudo é preciso se atentar ao contexto social, histórico e econômico em que dada mensagem esta sendo veiculada. Em segundo plano é preciso que haja uma análise do grau de conhecimento e estudo da audiência, seu interesse em adquirir informação, a credibilidade do comunicador, a ordem de argumentação da mensagem, o tipo de veículo utilizado, dentre inúmeras outras variantes que interferem no processo de captação de dada mensagem pelo público. Também é preciso ressaltar as diferenças individuais e as características de personalidade que existem entre esses receptores, que fazem com que seja natural pressupor que haverá diferença nos efeitos produzidos a essas mensagens.

No âmbito dos estudos relativos à influência dos meios de comunicação, há inúmeros casos que tentaram explicitar e aplicar de modo empírico estes pressupostos. Dentre os mais notórios, podemos citar O Caso Welles, ocorrido em 30 de Outubro de 1938. Reconhecida como um marco histórico das telecomunicações, a transmissão de A Guerra dos Mundos, encenada pelo grupo de teatro Mercury no Ar, liderado por Orson Welles, entrou para a história por ter levado mais de 1,2 milhão de pessoas a um delírio paranóico, em uma descrição de um ataque de Marte à Terra.

A percepção era de que os eventos durante a transmissão ocorriam ao vivo, embora não passasse de uma dramatização em formato jornalístico. Transmitido na véspera do Halloween, o programa foi várias vezes interrompido por diversos boletins de notícias (falsos) que supostamente cobriam os acontecimentos da narrativa de H.G. Wells. A transmissão foi interrompida de forma crescente, criando-se uma tensão cuidadosamente construída através de entrevistas com autoridades e dramáticas descrições dos acontecimentos. Ao final da transmissão o locutor revelou que o programa em caso era uma ficção, mas, apesar do esclarecimento, milhares de americanos se viram aterrorizados pela ameaça extraterrestre, ocasionando uma onda de fugas e medo pelas ruas das principais cidades.

Um caso semelhante ocorreu em São Luís do Maranhão, em 30 de Outubro de 1971, onde um programa da mesma natureza que o exibido por Orson Welles foi ao ar. Diferente do primeiro caso, na ocasião a invasão supostamente ocorria em vários países ao mesmo tempo, para dar veracidade aos relatos. Desde o início do dia, noticias e entrevistas foram propagadas pela rádio a fim de dar base ao programa, onde boletins informativos distribuídos ao longo da transmissão normal do programa criavam a tensão necessária para impressionar os ouvintes. Por meio de estratégias um pouco mais elaboradas do que as de Orson Welles, Sérgio Brito conseguiu repetir a façanha de 1938, de modo que grande parte da população tomou os fatos relatados pela rádio como verídicos.

Fica uma pergunta em ambos os casos: como ninguém teve a idéia de checar os fatos transmitidos durante o programa? Também em ambos os casos a confusão pode ser diretamente ligada à falta de senso crítico, à desinformação de setores da sociedade com baixa escolaridade e à sintonizações tardias dos programas, onde as dramatizações estavam em seu decorrer. Também é impossível negar que, nas duas ocasiões, onde um simples telefonema demorava horas para ser realizado, era pouco provável que as pessoas deixassem de ficar em pânico.

Um episódio parecido dificilmente ocorreria nos dias atuais, devido ao fato de que hoje em dia a comunicação se dá em tempo real. A internet transmite de segundo a segundo tudo o que acontece no mundo, de forma que qualquer informação pode ser facilmente verificada. Além disso, contamos com uma vasta diversidade de meios de comunicação e de telecomunicação rápida entre as pessoas. De qualquer forma, esses episódios comprovam o inegável poder da comunicação. Independente de contexto histórico ou econômico, o jornalista deve se atentar para a responsabilidade que carrega ao levar informações à população, que tende a acreditar em tudo que é veiculado. Não nas medidas que ocorreram em 1938 e 1971, mas sem o conhecimento do poder que o jornalista possui, muitas noticias poderiam se transformar em imensas confusões.

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