SEJAM BEM-VINDOS!

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Filha de jornalista, foca e apaixonada pela profissão que escolhi. Criei este blog com o intuito de publicar os textos confecionados por mim durante o meu curso na faculdade. Fiquem à vontade para deixar sugestões, críticas e elogios!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

TOO FAST, TOO BAD

*Texto confeccionado em 25 de Maio de 2008.

Atualmente estamos vivenciando uma transição de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento, da tecnologia. Neste momento a palavra chave que cerca o cenário não só brasileiro, mas mundial, é a mudança. De acordo com Peter Drucker em seu livro Sociedade pós-capitalista, as atividades que ocupam o lugar central das organizações não são mais aquelas que visam produzir ou distribuir objetos, mas aquelas que produzem e distribuem informação e conhecimento. ¹ O conhecimento tornou-se um dos principais fatores para tornar possível a mobilidade social e a superação de desigualdades.

Nesta “Sociedade do Conhecimento” as mudanças e as inovações tecnológicas ocorrem em um ritmo muito acelerado. A partir da banalização da maioria das tecnologias e de formas de propagação do conhecimento, situação esta que já vem se consolidando até mesmo nos países de Terceiro Mundo, a sociedade atual adquiriu novas maneiras de viver e de se organizar.

Devido a toda estaa tecnologia, muito tempo é poupado, o que se deve principalmente pela não obrigatoriedade de deslocamentos físicos para a realização de diversas tarefas comuns ao cotidiano das pessoas. Muitos serviços podem ser realizados pela internet, em tempo real. Se antes as pessoas precisavam enfrentar filas para tirar seus extratos, para comprar um livro ou até mesmo para assistir um filme, hoje tudo pode ser feito em um piscar de olhos. Velocidade. Esse é o termo que sintetiza a maioria das mudanças por que passa a sociedade capitalista, sociedade esta onde o tempo passou a ser um dos bens mais preciosos.

A valorização demasiada do tempo vem causando diversas conseqüências para a população. Além dos pontos positivos indiscutíveis como a modernização, a dinamização e o progresso destas populações, há pontos negativos que dificilmente são lembrados ou discutidos. As relações humanas vêm se tornando cada vez mais distantes devido a essa nova era. O homem está com sua atenção voltada para toda essa rápida transformação, muito mais do que para com sua relação com as outras pessoas.

Contatos como uma conversa com a família na hora do jantar, um papo descontraído com as pessoas na fila de um banco ou a leitura de um bom livro, não por obrigação, mas por vontade de fazê-lo, são coisas que cada vez mais são consideradas como literal “perda de tempo”. Esse tipo de pensamento contribui para o mal-estar das pessoas em geral, que anestesiadas pelas maravilhas dos tempos modernos, não conseguem diagnosticar que as relações humanas são quesitos de peso no quadro geral de seu conforto.

Esse distanciamento das relações interpessoais, evidenciado atualmente, acaba por gerar insatisfações, angustias, medos, vazios e ansiedade. Muito disso pode ser confirmado por um simples exercício de questionamento. Se refletíssemos sobre as pessoas que já passaram por nossa vida, se estão bem ou não; onde estão, será fácil na maioria dos casos averiguar que há sim uma despreocupação com as relações humanas. Este descaso é inerente e reflexo de uma sociedade regida pela lógica do mercado e do consumo. Exemplo disso é que até a humanização já se tornou um produto “rentável”, com cursos para humanizar empresas, escolas e hospitais.

Não só a relação entre as pessoas, mas tudo de um modo geral vêm se tornando efêmero. Tudo fica velho e em desuso rapidamente e a reação das pessoas é estar sempre atrás do novo. Essa velocidade que caracteriza a nossa sociedade atualmente cresce cada dia mais, tornando tudo transitório.

É preciso discutir sobre toda essa velocidade. Será que não estamos perdendo com essa falta de contato humano? Será que tanta pressa não nos faz pular etapas e processos importantes? É preciso que haja um questionamento acerca dessas questões, junto com alternativas para conter essa situação. As relações humanas são tão ou mais importantes do que as relações econômicas e políticas em uma sociedade, de forma que estas se complementam de forma intrínseca e não atentar para isso é fadar a população à problemas ainda mais sérios a longo prazo. A saúde mental do ser humano depende em muito da maneira com a qual ele se relaciona com as pessoas a sua volta. É preciso parar pra pensar em quais serão as conseqüências se o ritmo das mudanças continuar esse. É literalmente necessário, parar.

Referências

1. DRUCKER,P. F. Sociedade pós-capitalista. 7.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 208 p.
04 -06 -2008

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